Uma confusão resultou na perda do voo que me levaria para avaliar a Triumph Scrambler 1200 XE em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. De início, não liguei muito, depois do lançamento eu pegaria a moto para ver como ela se comporta. No fim, o evento de lançamento se estendeu por mais um dia e consegui ir. Logo no início do contato com a nova Triumph, vendida por R$ 59.990, descobri que minha postura um tanto blasé em relação a moto foi um dos maiores erros de julgamento da minha vida. A nova Scrambler 1200 é um modelo que merece urgência, respeito e reverência.
Considerada pela própria marca um produto híbrido, a Scrambler detém o poder off-road da Tiger e o visual clássico da Bonneville. Montar nela já é um ato de braveza, já que ela tem 87 cm de altura de assento. Pessoas com 1,80 metro, o meu caso, ficam nas pontas do pés. Há um banco mais fino opcional, que joga a medida para 85 cm. Ainda assim, alta.
O motor é o de 1.200 cm³ com dois cilindros, que gera 90 cv a 7.400 rpm e torque de 11,2 mkgf a 3.950 rpm. Isso, aliado ao peso de 210 kg, deixa a moto muito ágil nas arrancadas e com velocidade final muito boa. Embora nenhuma estrada brasileira permita, dá para chegar fácil aos 160 km/h.
O câmbio de seis marchas é certeiro e nunca falha na hora de ser engatado, como acontece com algumas motos grandes de outras marcas. Em uso urbano, quase não é preciso sair da terceira marcha para nada e na estrada, a quarta dá conta do recado, já que ela é bem “torcuda”.
A manobrabilidade dela também é ótima. Apesar da altura, a Scrambler é 49 kg mais leve que a Tiger 1200, e isso faz muita diferença na hora de movimentar a moto parada.
Um dos destaques dela são as suspensões. Na frente, há garfos dourados de 47 mm da Showa com curso de 250 mm, com regulagem de retorno e compressão. Presos a roda de 21 polegadas. Atrás vão amortecedores duplos da Ohlins, também com curso de 250 mm. E com ajuste de pré-carga e retorno. A roda é de 17 polegadas.
Esse conjunto faz um serviço de primeira grandeza. Tanto na absorção de impactos de buracos na cidade, quanto no off-road mais pesado. Quase nada é passado para as pernas, lombar ou mãos do piloto. Junto do controle de tração, que pode ser desligado, e dos cinco modos de pilotagem (rain, road, sport, off-road e off-road pro), a moto se torna completa para qualquer tipo de piso e situação.
O painel é de TFT colorido e pode ser configurado em vários tipos de tela. Em janeiro, ele também mostrará um sistema do Google, similar ao Android Auto, com GPS e músicas. E uma simbiose com as câmeras GoPro, de forma inédita.
O tanque tem 16 litros. Como a Triumph diz que ela faz 20 km/l, a autonomia de 320 quilômetros á boa para viajar. Até no frio, já que ela tem manoplas aquecidas.
Scrambler é quase perfeita
Durante a avaliação, a moto só mostrou um problema, e foi no off-road. Como ela não tem para-brisa e carenagem, deixa o piloto exposto a pedras voadoras, “insetadas” no ombro e muita poeira no peito e rosto. Mas basta olhar para Scrambler 1200 para ver estas características. Fora isso, a nova Triumph se mostrou uma moto deliciosa de andar, que dá vontade de acelerar até o limite ou além dele. É de ralar a mão do chefe.
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