À medida que o inverno se aproxima e as temperaturas caem, um equipamento do carro que costuma ficar esquecido é então lembrado: o ar quente. Como tal recurso geralmente não é utilizado nas estações mais quentes do ano, pode surpreender o motorista e não funcionar justamente quando mais se precisa dele. Em especial nas regiões serranas do Sul e do Sudeste do país, a falta do aquecimento interno representa grande desconforto.
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Presente inclusive em veículos que não são esquipados com ar-condicionado, o sistema de ar quente tem concepção simples. Ele funciona aproveitando o calor gerado pelo próprio motor.
O assessor técnico do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), Ricardo Dilser, explica funcionamento do sistema de ar quente do carro comparando-o aos antigos aquecedores domésticos. “É uma serpentina por onde passa a água quente do sistema de arrefecimento do motor, que aquece uma espécie de ‘caixinha’, hermeticamente fechada. O ar passa por ali, troca calor com essa serpentina, esquenta e vai, quentinho, para dentro do carro”, sintetiza.
Dilser ressalta que o ar exalado dentro do habitáculo não tem contato direto com o motor. É apenas aquecido pela tubulação do sistema de arrefecimento, mas vem de fora do veículo. Desse modo, não há qualquer risco de intoxicação para os ocupantes do carro.
Como funciona o sistema de ar quente do carro?
A boa notícia é que, para evitar surpresas desagradáveis com o ar quente, basta seguir o plano de manutenção do veículo. É o que esclarece o engenheiro metalúrgico e mestre em materiais Marco Colosio, diretor da SAE Brasil: “o recomendado é que o líquido do sistema de arrefecimento (do motor) seja trocado periodicamente segundo as especificações do fabricante”. De acordo com ele, essa é a principal medida para evitar danos ao sistema.
Recomendações semelhantes são feitas por Ricardo Dilser, da FCA. “Manter o líquido de arrefecimento do radiador bem-cuidado também garante uma boa funcionalidade do sistema de ar quente, porque eles estão interligados”. Por isso, o assessor técnico reforça a necessidade de trocar tal fluido com a periodicidade recomendada pelo manual do veículo.
Caso o carro seja equipado com ar-condicionado, os cuidados são semelhantes independentemente do controle de temperatura utilizado pelos ocupantes. Isso inclui troca periódica do filtro de cabine e higienização dos dutos do sistema, seguindo o plano de manutenção também prescrito pelo manual do proprietário.
Os modelos que não são equipados com ar-condicionado, porém, não dispensam manutenção. Colosio destaca que a tubulação do sistema também precisa ser higienizada. “Os dutos de ventilação devem ser limpos pelo menos uma vez ao ano para retirar impurezas e evitar fungos e bactérias”, aconselha.
Nesses casos, geralmente não há filtro anti-pólen. Todavia, o especialista pondera que, em alguns carros, é possível instalá-lo, o que também implicará em necessidade de troca periódica.
Bypass na mangueira do fluido de arrefecimento não é ação recomendável
Mas e quando as manutenções estão em ordem mas o aquecimento simplesmente não funciona? Nesse caso, provavelmente o sistema de arrefecimento do veículo tem um bypass. Trata-se de um procedimento no qual é feito o isolamento de uma seção da mangueira que passa pelo radiador do ar quente. Geralmente, essa prática é realizada quando surge algum vazamento no circuito..
Colosio reprova essa ação. “Isso se tornou uma prática errada de alguns reparadores, porque o projeto de cada veículo calcula o tamanho do radiador, a pressão da bomba d’água, mangueiras e tubulações”, afirma. O engenheiro adverte que o bypass pode provocar problemas a longo prazo, como sobrecarga no raiador, na válvula termostática e na bomba. É que, como a pressão dentro do circuito fica maior, passa a ocorrer risco de vazamento.
Vale lembrar que, além de aquecer a cabine, o ar quente também é muito útil em dias chuvosos, para desembaçar o para-brisa. É verdade que o ar-condicionado também pode desempenhar essa função, mas com uma limitação: o ar frio direcionado contra o vidro pode causar condensação na face externa. É o efeito conhecido como embaçamento pelo lado de fora.
“O ar quente vai aquecer o vidro e vai tirar aquela capacidade da água de embaçá-lo, pois o para-brisa está frio”, pontua Dilser. Obviamente, se o sistema de arrefecimento do veículo tiver sido submetido a um bypass, essa função não funcionará. Por todos esses motivos, mesmo para quem não reside em regiões frias, é importante manter o sistema de aquecimento em boas condições.
Foto Shutterstock
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