quarta-feira, 13 de maio de 2020

[Avaliação] Chevrolet Tracker melhorou na nova geração? Não em tudo

Depois de duas gerações, o Chevrolet Tracker quer deixar de ser coadjuvante no segmento de SUVs compactos. Nacional e reprojetado até a plataforma, o modelo aposta em preço competitivo e equipamentos de série para se destacar. A versão Premier, a mais completa da gama, avaliada pelo AutoPapo, custa R$ 112 mil.

É caro? Talvez nem tanto quando se considera que as configurações top de linha de Honda HR-V e Volkswagen T-Cross ultrapassam os R$ 130 mil.

Assista ao vídeo do Chevrolet Tracker Premier 2021:

Por esse valor, o Tracker Premier vem de série com ar-condicionado digital, assistente de estacionamento, bancos e volante revestidos em material que imita couro, teto solar panorâmico com acionamento elétrico, chave presencial com botão de partida, faróis e limpadores de para-brisa com acionamento automático, computador de bordo, rodas de alumínio de 17 polegadas, sensores e câmera de ré, faróis com projetor em LED, DRLs e lanternas de LED.

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Muitos equipamentos de segurança e recursos de conectividade

Porém, é nos itens de segurança que o SUV realmente se destaca. Há, além de seis airbags, retrovisor eletrocrômico, controles eletrônicos de estabilidade e tração, alertas de ponto cego, indicador de distância do veículo à frente com alerta de colisão e frenagem automática. Tudo isso é de série: na versão Premier, o novo Chevrolet Tracker não oferece opcionais.

chevrolet tracker premier 2021 azul dianteira
Cor Azul Power é exclusiva da versão Premier

Quanto à conectividade, a central multimídia com tela de 8 polegadas é compatível com Android Auto e Apple CarPlay, e ainda há um carregador de celulares por indução.  Há também Wi-Fi nativo da Claro com 3 GB ou três meses de cortesia (o que ocorrer primeiro), integrado à concierge remota que a Chevrolet chama de OnStar.

Novo Tracker tem interior simples

Até aqui, a versão Premier do Chevrolet Tracker anda na dianteira do segmento. Porém, esse custo-benefício aparentemente imbatível cobra um preço em outros aspectos. O acabamento, por exemplo, é o mais simplório da categoria. Em termos de construção, o habitáculo não se afasta muito do Onix, que tem proposta bem mais popular.

O Chevrolet Tracker da geração anterior fazia melhor figura nesse sentido, com material emborrachado nas portas e enxertos de courvin acolchoados no painel. No modelo atual, plásticos duros moldam todos esses revestimentos: o aspecto só não é franciscano graças ao uso de diferentes cores e texturas. O encaixe das peças plásticas é não mais que razoável, pois notam-se algumas falhas em locais menos visíveis.

Instrumentos, volante e vários outros componentes do habitáculo foram herdados do novo Onix
Design e apliques ajudam a disfarçar os materiais simples adotados no painel
Bancos dianteiros oferecem bom apoio para o corpo
Espaço no banco traseiro aumentou significativamente em relação à antiga geração
Porta-malas de 393 litros está na média da categoria
Em todas as versões, estepe é do tipo temporário
Mesmo sem injeção direta, motor 1.2 turbo desenvolve 133 cv e 21,4 kgfm com etanol

Vários componentes do novo Tracker, inclusive, vêm diretamente do Onix. É o caso, por exemplo, dos instrumentos, da central multimídia, do volante, das teclas dos vidros elétricos, da alavanca de câmbio, das chaves de seta e limpadores…

Nesse caso, porém, há de se fazer algumas ponderações a favor do modelo. Primeiramente, o compartilhamento de peças é cada vez mais recorrente em toda a indústria automobilística. No mais, esses itens não comprometem a vida a bordo.

Ergonomia e espaço agradam

A ergonomia é boa, com volante de pegada confortável, cuja coluna é ajustável tanto em altura quanto em profundidade. A posição de dirigir é mais ereta, como em todo SUV, mas correta. Os instrumentos permitem leitura fácil e os comandos estão bem-posicionados. Porém, ainda não foi dessa vez que o fabricante instalou borboletas no volante para trocar as marchas sequencialmente. Até quando, Chevrolet?

O lado bom é que, no Tracker 2021,  a Chevrolet aperfeiçoou aquele que é o ponto fraco do interior do Onix: os bancos dianteiros. Os do SUV acomodam muito melhor o corpo, graças ao assento maior e ao apoio lombar aprimorado. Eles exibem encosto de cabeça ajustável, essencial para pessoas mais altas. Já o encosto de braço ganhou estofamento, enquanto o banco traseiro também recebeu um descansa-braço central.

chevrolet tracker premier 2021 banco traseiro
Espaço no banco traseiro aumentou significativamente em relação à antiga geração

Um dos aspectos nos quais nota-se maior evolução no Chevrolet Tracker é no espaço interno. Enquanto a geração anterior dispunha de uma área acanhada para as pernas dos ocupantes do banco traseiro, o atual consegue acomodar quatro adultos corpulentos sem aperto. A largura do habitáculo também está maior.

O porta-malas, do mesmo modo, avolumou-se e, agora, tem 393 litros de capacidade. Não é o maior da categoria, mas está condizente com o porte e a proposta do SUV.

Desempenho é bom, mas não ótimo

No que o novo Tracker se vê em desvantagem diante de alguns concorrentes é no motor. Veja bem, não que falte força para o 1.2 turboalimentado de três cilindros. Pelo contrário: ele desenvolve 132 cv de potência e 19,4 kgfm de torque com gasolina. O uso de etanol eleva os números para 133 cv e 21,4 kgfm.  É mais do que suficiente para empurrar muito bem os 1.271 kg do SUV.

O Tracker 2021 arranca bem e retoma velocidade com desenvoltura, graças ao torque do generoso motor. Abaixo de 2.000 rpm, sente-se alguma letargia, mas a distribuição dessa força é boa daí para cima. Ademais, a programação do câmbio automático de seis marchas consegue mascarar bem essa deficiência, fazendo reduções antes que ocorra turbolag.

O problema é que, se por um lado são mais caras, por outro as versões top de linha da concorrência são também mais potentes. O motor 1.2 da Chevrolet, apesar de eficiente, não é páreo para as unidades 1.4, 1.5 e 1.6 turboalimentadas dos rivais.

chevrolet tracker premier 2021 motor 1 2 turbo tres cilindros
Mesmo sem injeção direta, motor 1.2 turbo desenvolve 133 cv e 21,4 kgfm com etanol

Antiga geração tinha melhor performance

Aliás, nem é preciso compará-lo a outros SUVs compactos: proprietários do antigo Tracker, equipado com um 1.4 turbo de até 153 cv e 24,5 kgfm vão sentir queda de rendimento (sutil, é verdade) se dirigirem a nova geração. Esse é o segundo ponto no qual modelo regrediu.

O motor 1.4 turbo da Chevrolet, que permanece na linha Cruze, também leva vantagem pelo funcionamento mais “liso”. Isso é natural, uma vez que ele tem quatro cilindros, enquanto o 1.2, com apenas três, tende a vibrar mais.

Verdade seja dita, para esse tipo de arquitetura o novo propulsor da marca é suave e não faz a carroceria chacoalhar, o que evidencia bom trabalho de isolamento. E, apesar de não contar com injeção direta como o antigo 1.4 turbo, o propulsor 1.2 também dispensa subtanque de partida a frio, graças ao sistema de aquecimento dos bicos.

Consumo do Chevrolet Tracker 2021

Se, por um lado, o motor 1.2 turbo trouxe perdas em desempenho ao Chevrolet Tracker, por outro o deixou mais econômico. A reportagem aferiu médias de 12,5 km/l na estrada e de 9,6 km/l na cidade, com etanol. Vale lembrar que o modelo vem equipado com sistema start stop. Apesar dos bons resultados, o tanque pequeno, de apenas 44 litros, limita a autonomia a 550 km.

O números do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro apontam 7,7 km/l no ciclo urbano e 9,4 km/l no rodoviário, com o mesmo combustível. Com gasolina, segundo o PBE, são 11,2 km/l e 13,5 km/l, respectivamente.

Acerto de suspensão privilegia estabilidade em detrimento do conforto

No mais, a dirigibilidade é bem parecida com a do Onix. A calibragem mais firme da suspensão consegue conter muito bem a rolagem da carroceria em curvas. Apesar da altura elevada, como em todo SUV, o Tracker 2021 tem boa estabilidade e não prega sustos mesmo se o motorista se entusiasmar em algum trecho sinuoso.

Apesar da altura elevada, Chevrolet Tracker proporciona boa estabilidade
Faróis têm luzes de rodagem diurna integradas
Lanternas são iluminadas com LEDs
Design exibe linhas características da nova identidade da Chevrolet
Versão top de linha traz rodas de 17 polegadas com acabamento diamantado
Cor Azul Power é exclusiva da versão Premier

Porém, esse acerto cobra um preço quando se trafega em pisos desnivelados, transferindo boa parte das imperfeições para o habitáculo. Além disso, a altura em relação ao 157 mm é das menores do segmento. Em um SUV, mesmo sem proposta off-road, espera-se alguma desenvoltura para trafegar ao menos por vias malconservadas.

Os freios, com tambores no eixo traseiro, não são referência no segmento, mas, na prática, não chegam a comprometer. Graças ao peso de 1.271 kg, que é baixo para um SUV, o sistema consegue imobilizar o Tracker Premier sem dificuldade.  Já a direção elétrica agrada: é leve em manobras e precisa em alta velocidade, devido ao grande efeito regressivo. Poderia apenas transmitir com mais suavidade emendas e remendos no piso.

Preço é trunfo do Chevrolet Tracker 2021

Em um jogo de perde e ganha, O Chevrolet Tracker Premier 2020 mostra-se ligeiramente inferior em acabamento e em desempenho em relação à antiga geração. Por outro lado, ficou mais conectado, espaçoso, econômico e, principalmente, equipado, sobretudo com itens de segurança.

O modelo parece levar para o segmento dos SUVs a estratégia que a Chevrolet vem adotando com sua linha de hatches e sedãs compactos: oferecer valor de compra competitivo aliado a farto conteúdo. Pelo preço de R$ 112 mil, o Tracker Premier custa menos que vários concorrentes diretos. Some-se a isso a grande rede assistencial da marca e, pronto, já há fortes argumentos para a compra.

Há um porém: enquanto o Onix já construiu uma imagem sólida no mercado, só agora, na linha 2021, o Chevrolet Tracker tornou-se postulante a queridinho dos consumidores. Apesar das qualidades, o público ainda precisa dizer se ele deixará ou não de ser coadjuvante diante dos concorrentes.

chevrolet tracker premier 2021 azul de perfil
Versão top de linha traz rodas de 17 polegadas com acabamento diamantado

Manutenção e revisões

A Chevrolet oferece garantia de três anos ou 100 mil quilômetros para o Tracker. As revisões são realizadas a cada 10 mil quilômetros ou um ano e têm preços tabelados até o limite de cobertura do fabricante. Os valores são os mesmos para todas as versões, independentemente da versão ou do tipo de motorização.

Revisões Preços sugeridos pela Chevrolet
10.000 km RS 284
20.000 km   R$ 576
30.000 km R$ 480
40.000 km R$ 640
50.000 km R$ 456
60.000 km R$ 576
70.000 km R$ 436
80.000 km R$ 616
90.000 km R$ 568
100.000 km R$ 800

Pontos fortes do Chevrolet Tracker Premier

  • Equipamentos de segurança
  • Estabilidade
  • Conectividade a bordo

Pontos fracos do Chevrolet Tracker Premier

  • Acabamento
  • Conforto de marcha

Ficha técnica do Chevrolet Tracker Premier 2021

Ficha técnica Chevrolet Tracker Premier 2021 
Motor Dianteiro, transversal, flex, 1.199 cm³, com três cilindros, de 75 mm de diâmetro e 90,5 mm de curso, 12 válvulas com duplo comando variável e turbocompressor
Potência 132 cv (gasolina) e 133 cv (etanol) a 5.500 rpm
Torque 19,4 kgfm (gasolina) e 21,4 kgfm (etanol) a 2.000 rpm
Transmissão automática de seis marchas, tração dianteira
Suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Rodas e pneus Rodas de liga leve 17”; pneus 215/55 R17”
Freios discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD
Direção assistida eletricamente
Dimensões 4,270 m de comprimento, 1,791 m de largura, 1,626 m de altura e 2,570 m de distância entre-eixos
Vão livre do solo 157 mm
Peso 1.271 kg
Carga útil 410 kg
Tanque de combustível 44 litros
Porta-malas 393 litros

Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo

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