A ação do tempo é implacável com todos, inclusive com os automóveis. Vários itens deterioram-se mesmo se forem pouquíssimo ou nada utilizados. Visualmente, o componente pode até não aparentar desgaste, mas, após determinado período, não está mais em condições de uso. A validade é limitada para os combustíveis (gasolina, etanol e diesel), fluidos e pneus.
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Entre todos esses itens, os que têm menor durabilidade são os combustíveis. De acordo com Eduardo Buarque de Alcazar, analista de Marcas e Produtos Sênior da BR Distribuidora, não existe um prazo formal de validade para a gasolina, o etanol ou o diesel.
“Porém, é usual considerar-se três meses como prazo seguro para a gasolina ser usada após o último abastecimento”, esclarece Alcazar. Essa validade aplica-se à gasolina do tipo comum e também à aditivada.
Isso porque diversas variáveis podem contribuir para a degradação desses produtos, entre os quais temperaturas elevadas, umidade e contato com metais. Ademais, todos são vendidos a granel, o que dificulta o controle desses fatores.
No caso da gasolina do tipo Premium, a validade é mais longa: a utilização pode ocorrer em um período de até seis meses. “Além de ter uma octanagem mais elevada, suas características químicas também trazem uma estabilidade à degradação consideravelmente superior que a da gasolina comum”, afirma o analista da BR distribuidora.
Devido à maior validade da gasolina Premium, é conveniente utilizá-la no tanquinho de partida a frio dos veículos flex. É que pode ocorrer de o combustível permanecer muito tempo nesse recipiente, principalmente durante os meses mais quentes do ano.
Validade do etanol é maior que a da gasolina
Entre os três combustíveis, o álcool é o que menos sofre os efeitos do tempo. Segundo, Alcazar ao contrário do que acontece com a gasolina, o etanol tem validade indeterminada. Isso não significa, contudo, que o álcool seja imune à deterioração. “Dependendo das condições ambientais, esse produto pode absorver umidade do ar, o que piora sua qualidade”, alerta.
Por sua vez, o diesel é o combustível menos resistente à ação do tempo. É que ele é o mais sensível à ação da umidade, que, vale lembrar, está presente no próprio ar. O especialista da BR Distribuidora destaca que, diante da presença de água, esse produto pode ser contaminado por micro-organismos, o que, consequentemente, provoca até a formação de borra no tanque.
Desse modo, esse combustível não deve demorar a ser utilizado. “Assim como ocorre com a gasolina, também não existe um prazo de validade formal para esse produto e considera-se 3 meses como sendo um prazo máximo para uso seguro”, pontua Alcazar.
Combustível | Utilizar em até |
---|---|
Gasolina (comum e aditivada) | 3 meses |
Gasolina Premium | 6 meses |
Etanol | prazo indeterminado |
Diesel | 3 meses |
Não é só a gasolina: atenção à validade dos fluidos do motor
“Os fluidos são perecíveis porque eles são aditivados, e os aditivos vão perdendo suas características com o tempo. Esses aditivos são essenciais para manter a funcionalidade e viscosidade (do lubrificante) em função da temperatura e do atrito. Portanto, é preciso trocá-los mesmo sem uso”, sintetiza Ricardo Dilser, assessor técnico da FCA (Fiat Chrysler Automobiles).
Geralmente, o óleo lubrificante precisa ser substituído em um prazo que varia de 6 a 12 meses, caso a quilometragem estipulada não tenha sido alcançada. Para constatar quais são essas determinações, basta consultar o manual do veículo.
O fluido do sistema de arrefecimento também necessitam de substituição periódica. Após determinado tempo, esse produto perde suas propriedades e torna-se incapaz de cumprir suas funções .
Vale lembrar que, se o regime de uso for severo, a troca deve ser feita em um período menor. “O uso severo não se caracteriza tão somente pela alta velocidade, pela alta carga. Ele também se caracteriza pelo uso muito espaçado, pelo uso, sobretudo para o lubrificante do motor, constante na fase de aquecimento do carro, o que ocorre em trajetos muito curtos”, destaca Dilser.
Fluido de freios é muito sensível à umidade
Outro fluido que exige substituição periódica é o do sistema de freios. Esse item, em especial, não deve ser negligenciado. Afinal, enquanto deixar de trocar os demais óleos implica em prejuízo, o envelhecimento desse componente representa grande risco de acidente.
Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil, explica que o fluido de freio é higroscópico: em outras palavras, ele absorve umidade. Como esse componente atinge elevadas temperaturas, a contaminação por água representa grande perda de eficiência e risco da ocorrência de fading. “A temperatura de ebulição do fluido pode cair em mais de 100 °C, o que aumenta significativamente o espaço de frenagem”, adverte.
Felizmente, descobrir qual é a validade de todos esses óleos é bem fácil: basta verificar no manual do proprietário. Nele, constam os períodos nos quais esses componentes devem ser substituídos preventivamente. Como os prazos variam de acordo com o tipo de produto prescrito pelo fabricante e com modelo do carro, a consulta ao livreto é tarefa fundamental.
Fluidos de transmissão e de direção têm prazo de validade? Depende!
Dilser, da FCA, pondera alguns fluidos do carro podem não precisar de troca: um deles é o da transmissão automática. O assessor técnico, porém, salienta que isso vale só para alguns modelos de carros, produzidos com tecnologia mais recente. “Curiosamente, nos novos câmbios automáticos, o óleo é long life: ele dura tanto quanto o próprio câmbio”, destaca.
Os fluidos das transmissões manuais e do sistema de direção hidráulica ou eletro-hidráulica também podem não precisar de troca. Isso, porém, varia de acordo com o projeto do veículo e do tipo de óleo utilizado. Para saber se a troca é necessária, é preciso consultar o manual do veículo.
Tanto no caso do fluido da transmissão, seja ela automática ou manual, quanto no dos sistemas de direção assistida hidráulico e eletro-hidráulico, a fabricante de transmissões ZF recomenda seguir sempre a recomendação prescrita no livreto. “Não há uma recomendação universal: alguns fabricantes de veículos indicam a troca periódica, outros não”.
Contudo, ressalta que determinados fatores podem fazer com que até os fluidos do tipo long life precisem ser substituídos: “condições e fatores específicos como operação com altas temperaturas e carga podem eventualmente tornar necessária a troca”, informa a empresa por meio de assessoria.
Validade dos pneus
Outro item que deve ser substituído com o tempo, mesmo se tiver sido pouco usado, é o pneu. Felizmente, a validade desse componente é bem maior que a da gasolina e a dos fluidos do motor. “Recomenda-se que todos os pneus (inclusive os estepes) que foram fabricados há mais de 10 anos sejam substituídos por novos”, adverte Roberto Ayala, gerente de Engenharia de Vendas da Bridgestone.
Segundo Ayala, após 10 anos, os pneus devem ser trocados mesmo se aparência externa ou a profundidade dos sulcos da banda de rodagem não indicarem desgaste. Até armazenados, “os pneus ficam expostos a condições não controláveis de umidade, temperatura, luz, ozônio, produtos químicos e outros fatores que influenciam diretamente no envelhecimento”, explana.
O gerente da Bridgestone alerta que o uso de pneus velhos coloca em risco não só os ocupantes do veículo, mas também quem estiver ao redor. É que eles proporcionam dirigibilidade inferior à de similares novos, e ainda por cima têm menor resistência. E isso pode fazer toda a diferença, especialmente em uma manobra de emergência.
Descobrir quando os pneus foram fabricados é simples: basta verificar um conjunto de 11 dígitos gravados na lateral do próprio componente, cujos quatro últimos números informam a semana e o ano de produção. “Um pneu que tenha a sequência 1819 foi fabricado na 18ª semana do ano de 2019”, exemplifica Ayala. Esses dígitos recebem o nome de DOT, sigla de Department Of Transportation, um órgão regulador dos Estados Unidos.
Fotos Shutterstock
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