sábado, 11 de julho de 2020

Novo Nivus impressiona pela dirigibilidade. Enquanto números de vendas são confusos por causa da crise, ESP completa 25 anos

Traseira do Volkswagen Nivus

Volkswagen Nivus

Por Fernando Calmon

Dirigibilidade do novo Nivus é um ponto marcante

No mês passado a VW assumiu pela primeira vez em 10 anos a liderança no mercado de automóveis e comerciais leves (não no acumulado do ano) e o Nivus reúne tudo para ajudar a marca nessa batalha.

Ele atrai pelo estilo único de SUV compacto cupê no segmento mais disputado, hoje, do mercado brasileiro. Sua base é a do Polo, mas à exceção das portas, tudo é novo. Vão livre do solo 27 mm maior que o hatch e 15 mm menor que o T-Cross permite passar por valetas e lombadas, sem retirar praticamente nada do prazer de dirigir. O trabalho de ajustes da suspensão ficou muito bem feito.

Painel do Volkswagen Nivus Highline

Painel do Volkswagen Nivus Highline

Nivus Highline

Avaliei a versão de topo Highline. Chama atenção o isolamento acústico. Também dá para notar o acerto melhor entre motor e câmbio, em especial quando se desloca a alavanca da posição N para D e se observava antes um pequeno tranco à frente ao retirar o pé do freio.

Aceleração de 0 a 100 km/h informada pela VW é de 10s, coerente por pesar 50 kg mais que o Polo e 100 kg menos que o T-Cross, todos com o motor de 1.0 turbo de 128 cv (etanol).

O volante é novo e a direção, eletroassistida, é precisa e comunicativa. Há vários comandos a partir do volante. Ainda bem que a VW manteve um manual impresso no porta-luvas com 2/3 menos de páginas para quem estranhar as orientações por voz e imagem.

VW Play

A nova central multimídia de 10,1″ tem resolução de tela impressionante e vários aplicativos úteis já instalados. Pareamento do celular com sistema iOS é sem fio, mas Android o exige. Porém, se o telefone tiver roteador Wi-Fi é possível conectar-se com o Waze pré-instalado na central e seguir a rota na tela grande usando plano de dados do celular.

O espaço interno do Nivus, inclusive no banco traseiro para pernas e cabeça, é praticamente o mesmo do Polo, incluindo a saída de ar-condicionado atrás. Porta-malas de 415 litros é 115 litros maior do que o do hatch e tem 42 litros a mais que o T-Cross.

Estatísticas de vendas subvertidas pela crise

Os números são conflitantes por razões conhecidas. Com o fechamento dos Detrans e das concessionárias (que continuaram a vender por meios digitais) as vendas de veículos leves e pesados sofreram um grande efeito de represamento em maio. Assim em junho houve aumento de 129,1% sobre maio, mas em relação a junho de 2019 a queda foi de 57,7%. Na comparação dos primeiros semestres, 2020 encolheu 50,5% sobre 2019.

Projeções da Anfavea estimam o ritmo efetivo de vendas diárias em torno de apenas 5.000 unidades em junho e o estoque nas fábricas e concessionárias de 46 dias (normal seria de 30 a 35 dias), apesar da paralisação da produção.

Demissões?

O que mais preocupa é a possibilidade de demissões quando se esgotarem os efeitos dos acordos de redução de jornadas de trabalho. A entidade manteve estimativas para 2020: queda sobre o ano passado de 40% nas vendas, 45% na produção e 53% nas exportações, baseadas no encolhimento do PIB brasileiro em torno de 7%.

Pessimismo

No entanto, há previsões um pouco menos pessimistas. Maior banco privado do País, o Itaú prevê queda do PIB de 4,5% e, se confirmada, efetivamente vai amortecer um pouco a queda do mercado.

A Bright Consulting estima que as vendas caiam 29% este ano e os números de 2019 só voltarão em 2024. A consultoria avalia que os SUVs começarão a avançar também sobre o mercado de hatches em razão da perda de poder aquisitivo.

Esperança

O setor tem esperança de alguma medida de estímulo ao consumo por parte do Governo Federal, a exemplo do que acontece na Europa e nos EUA. A indústria automobilística representa 5% do PIB e gera, direta e indiretamente, cerca de um milhão de empregos.

EPS: sistema antiderrapagem completa 25 anos

Um dos mais úteis e eficientes recursos de segurança ativa para qualquer tipo de veículo surgiu em 1995. Trata-se do ESP (Programa Eletrônico de Estabilidade, em inglês) para evitar derrapagens. As primeiras pesquisas começaram nos anos 1980 por iniciativas individuais da Bosch e da Daimler-Benz (hoje, Daimler).

ESP

ESP em ação

A partir de 1992, as duas trabalharam em conjunto, mas a empresa de autopeças tinha liberdade de entregar o produto a qualquer interessado. Na época era um dispositivo caro. Em 1995 Mercedes-Benz Classe S e BMW Série 7 ofereceram o ESP quase simultaneamente. Em 1997, um Mercedes-Benz Classe A capotou durante teste de desvio de obstáculo de uma revista sueca. A fabricante decidiu, então, tornar o ESP equipamento de série para todos os seus modelos.

Combinações e Brasil

ESP combina controle de tração (TC) e antibloqueio dos freios (ABS). É particularmente útil em pistas escorregadias, mas pode evitar até 80% das derrapagens. Estima-se que na União Europeia 15 mil vidas foram poupadas em 25 anos. Só a Bosch já produziu 250 milhões de unidades.

O sistema tem nome genérico ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), produzido também por outros fornecedores, e está em 82% dos automóveis novos no mundo. No Brasil, desde o início de 2020, é equipamento de série nos novos projetos e em 2022 passará a ser obrigatório em todos os automóveis e comerciais leves vendidos no País.

ESSA COLUNA NÃO REFLETE NECESSARIAMENTE O QUE PENSA O BLOGUEIRO.

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