sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Uso de aditivos no motor, como o Militec, anula a garantia?

Existem, no mercado, diversas opções de aditivos para lubrificantes automotivos. Eles são compostos químicos que prometem ampliar as funções que o óleo exerce no motor, como diminuir o acúmulo de resíduos e reduzir o desgaste. Dentre eles, o mais famoso é o Militec.

Contudo, assim como outros produtos da categoria, as funções que exerce já são efetuadas pelos lubrificantes recomendados pelas fabricantes de carros. Isso é designado pelo índice API, um indicador do nível de sofisticação do óleo, que é mais alto quanto mais moderno for o veículo. Assim, o óleo utilizado no motor já exerce as funções propostas por esses produtos.

troca oleo carter Conversamos com especialistas para saber os riscos de misturar aditivos ao óleo do motor, como Militec, e como fica a garantia nessa hora.

Por isso, é preciso cuidado na hora de misturar os aditivos com os lubrificantes, tanto no caso do Militec quanto em outros. Existe o risco de surgir uma reação química inesperada, a depender do produto escolhido, que acarretem problemas no motor. Nesse caso, ao procurar a concessionária para reparar o defeito, ele pode perder a garantia.

Para entender como isso ocorre, tomamos o produto mais famoso da categoria como exemplo, e conversamos com especialistas e com as fábricas para saber o que pode acontecer.

O que é Militec?

O Militec é um aditivo para óleos lubrificantes indicado para carros, motos e outros veículos. De acordo com o site oficial do fabricante do produto, ele é um “condicionador de metais”. O fornecedor diz, ainda, que o composto enrijece as superfícies metálicas do motor, tornando-as “17 vezes mais resistentes”.

Conversamos com especialistas para saber os riscos de misturar aditivos ao óleo do motor, como Militec, e como fica a garantia nessa hora.
(Militec | Reprodução)

Além disso, o Militec promete “melhorar a acomodação entre os anéis de pistão e as paredes do cilindro”, no motor. Outras funções seriam reduzir o calor de partes móveis, manter a lubrificação de parte móveis por 20 mil quilômetros, diminuir a oxidação, e reduzir o consumo de combustível, entre outros.

Em seu site oficial, o fabricante do Militec sugere que o produto seja adicionado ao óleo do veículo, sendo que se adapta a qualquer lubrificante, independente de viscosidade, tipo ou índice API. A empresa também recomenda o uso da substância pura, em locais como o ar-condicionado.

Por que a garantia é perdida?

Segundo informa a Fiat, a marca oferece garantia para lubrificantes, fluidos e aditivos homologados por ela mesma. Assim, caso o proprietário do carro faça uso de produtos que não possuam essa aprovação, como o Militec, e isso levar a problemas, a concessionária pode perceber quando analisar o carro. E, se isso ocorrer, a garantia será perdida e o consumidor terá que arcar com os custos do conserto, assim como de qualquer outro defeito posterior no mesmo componente.

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Da mesma forma, a Nissan também informa que problemas consequentes do uso de fluidos não recomendados anulam a garantia.

“De acordo com o manual do proprietário, a Nissan orienta que o óleo seja trocado em uma concessionária Nissan. O veículo Nissan utiliza vários tipos de óleos e fluidos, que têm um papel importante, como lubrificar, refrigerar o veículo e evitar ferrugem nos sistemas em que atuam. O uso e aplicação deve ser somente de óleos recomendados e fluidos genuínos Nissan, que são desenvolvidos após testes e validados para uso nos veículos da marca. O uso de fluídos, que não os recomendados pela montadora, podem causar danos e saem do escopo da garantia”, informa a fabricante.

É o mesmo caso da instalação de equipamentos não homologados, outro comportamento que pode levar à anulação da garantia. Essa é a política praticada pela maioria das marcas de carro, que também irão cancelar a garantia se um defeito for causado pelo uso de uma substância não recomendada, como o Militec.

Militec e aditivos podem “brigar” com lubrificante

A diretora de lubrificantes, aditivos e fluidos da Associação Brasileira de Engenheiros Automotivos (AEA), Simone Hashizume, dá mais detalhes sobre os riscos no uso de Militec, outros aditivos ou o lubrificante errado. Ela explica que, atualmente, os óleos são fruto de um grande investimento em tecnologia e devem atender a uma série de requerimentos.

“Carros novos têm motores mais modernos, e usam lubrificantes também mais modernos que não necessitam de aditivação adicional. O uso deles pode até desbalancear a formulação”, explica Hashizume. Além de atender às necessidades específicas de cada tipo de motor, o óleo também deve se conformar a exigência legais com relação a redução do consumo de combustível e dos níveis de emissões.

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Sem respeitar esses limites, um veículo não poderia ser homologado e vendido. Por isso, os lubrificantes que carros novos utilizam já são quimicamente muito avançados.

“O óleo lubrificante é igual ao sangue do motor, ele circula por várias partes e tem muitas funções. É preciso escolher bem o que colocamos lá, porque os óleos não são todos iguais”, enfatiza ela.

[Veja o vídeo] Óleo do motor: na revisão recomendaram um mais moderno? Questione!

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