A indústria automobilística foi drasticamente afetada pela pandemia em 2020. Tendo fechado fábricas e concessionárias no início do surto da covid-19. A Anfavea – Associação Nacional das Fabricantes de Veículos – prevê um recuo de 31% nos emplacamentos deste ano sobre 2019. Mas a Porsche parece imune à crise. Com estoque zerado, as lojas já negociam os carros de 2021. Mágica?
“Com dinheiro no bolso e vontade de ter um Porsche, a oportunidade foi perfeita”, explica Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato Dynamics. “Além de ser uma marca forte com produtos de ponta, existe a questão do dólar. Que subiu sem impactar diretamente a empresa. Mas os novos preços chegarão mais para frente”, pondera o especialista da Jato Dynamics.
No acumulado até setembro, as vendas da marca estão 62,5% maiores neste ano em comparação com o mesmo período de 2019. A Porsche emplacou 2.023 carros em solo brasileiro no período, resultado muito maior que as 1.245 unidades somadas no mesmo intervalo de 2019. O total, inclusive, já supera as 1.849 unidades somadas pela montadora de janeiro a dezembro do ano passado.
“Tivemos um excelente início de ano por causa dos contratos assinados em novembro e dezembro de 2019. A Porsche tem um conceito diferente, chamamos as vendas de entregas, pois as encomendas são feitas com antecedência. Atualmente, mais de 70% dos veículos da marca são vendidos por encomenda no mundo”, explica Rodrigo Soares, head de comunicação e porta-voz da Porsche Brasil.
O grande segredo é que o modelo de vendas da marca garante que não haja tanta interferência do câmbio nos negócios. Quando o cliente faz o contrato, ele paga um sinal de 10% do valor do veículo e o preço final é garantido pela empresa. O comprador só precisa calcular o dólar do dia. Isso dá uma confiança comercial, por não ter surpresas lá na frente, no momento da entrega do veículo.
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911 supera SUVs e é o mais vendido
Algo curioso e que foge à tendência é o ranking dos modelos. Enquanto os SUVs Cayenne e Macan são os campeões de vendas no mundo, no Brasil o icônico 911 é o mais licenciado da marca em 2020. Ao todo, 651 unidades do esportivo mais famoso da Porsche foram emplacadas, ante 519 unidades do Cayenne, e 434 unidades do Macan, que é o mais barato da marca, a partir de R$ 339 mil.
De acordo com a Porsche, a alta do dólar dos Estados Unidos tornou o 911 Carrera mais barato no Brasil do que no exterior, e isso talvez tenha ajudado o esportivo. “Nosso cliente não compra necessariamente com base no preço. Não é um aspecto que pesa sobre os esportivos. Talvez influencie mais os SUVs. De toda forma, o preço é igual ou menor que na Europa e EUA”.
Recentemente, a filial brasileira da marca alemã voltou a promover encontros com clientes depois de meses de paralisação por causa da pandemia. Essas ações de marketing são um grande fomentador de vendas, relembra Milad Neto, da Jato Dynamics. “Não pode ser ignorada a atuação da Porsche com eventos específicos, gerando interesse crescente pela marca”, pontua o especialista.
Além da retomada dos eventos e cursos da marca, Soares lembra que a modernização da gama de veículos e a ampliação da rede de concessionários também estão influenciando nos resultados. A marca quer chegar a 13 revendas em 2021, e tem mais lançamentos previstos, com destaque para o elétrico Taycan, que está em pré-venda e já registra volume de pedidos bem acima do previsto.
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