Oficialmente, a Toyota não toca no assunto. Mas o fim do Etios está próximo. O modelo lançado em setembro 2012 teve altos e baixos ao longo dos oito anos de vida. Mas agora a empresa se prepara para dar um passo importante. Em seis meses, a montadora irá lançar o Corolla Cross. Como o nome denuncia, trata-se de um SUV derivado do sedã médio líder de vendas. E os prognósticos para o modelo são os melhores possíveis. Ele une as qualidades do sedã ao tipo de veículo (SUV) que o mercado procura atualmente.
Além do desejo do público, esse tipo de carro é o sonho de todo fabricante, porque garante margem de lucro maior. O comprador está disposto a pagar pelo formato parrudo do carro.
O Etios deverá ser o sacrificado para esse propósito maior da marca japonesa. O processo de “desidratação” do modelo já começou. Dois meses após ganhar a linha 2021, o carro (hatch e sedã) deixou de oferecer o motor 1.3 flexível, que equipava as versões mais acessíveis. Ambos passam a ser vendidos agora exclusivamente na versão X Plus com motor 1.5 flexível. Com isso, o modelo fica mais caro. O câmbio pode ser manual de seis marchas ou automático de quatro velocidades. O hatch começa em R$ 63.590 e o sedã parte de R$ 66.790.
O modelo que inaugurou a fábrica da marca em Sorocaba, no interior paulista, teve um início ruim. A montadora japonesa idealizou um projeto que atendesse basicamente a dois países emergentes, Brasil e Índia. O resultado foi um veículo de linhas pouco inspiradas e com acabamento pobre. No Brasil, a recepção inicial foi fria, tanto de público quanto de crítica.
O quadro de instrumentos analógicos no centro do painel cumpria seu papel de economia para a fabricante, já que poderia ser o mesmo nos dois países. A Índia adota a “mão inglesa”, com volante do lado direito.
Etios chegou com estilo e acabamento simples
Esteticamente o resultado pouco agradava, tanto que não demorou para que os instrumentos fossem comparados aos mostradores das antigas balanças da Filizola. Mas esse não era o único problema. Como o velocímetro não ficava na frente do motorista, a leitura não era precisa. Causava o que se chama erro de paralaxe. O ponteiro, distante da escala e visto na diagonal, mostrava uma velocidade que não era a real. A alavanca que abria o capô era semelhante à dos antigos afogadores, nos carros com carburador.
No início, a reclamação geral era a de que o projeto havia sido feito para o gosto do comprador da Índia. E depois teria sido simplesmente aproveitado para o Brasil. Essa tese ganhava força pelo fato de o modelo ter estreado naquele país em 2010, portanto dois anos antes de chegar aqui.
Uma propaganda da época procurava realçar que o Etios tinha estilo próprio, e não seguia a mesma receita dos concorrentes, vistos como modelos iguais no comercial.
Mas o fato é que, mesmo na Índia, o Etios também não foi um sucesso inicial de vendas. Lá ele também patinou. A única diferença é que, ao contrário daqui, no país asiático o sedã vendia mais que o hatch.
No Brasil, o Etios nunca conseguiu repetir o feito do sedã Corolla e da picape Hilux, eternos líderes de suas categorias. Os modelos mais baratos da marca nunca fizeram a menor sombra aos líderes de seus segmentos.
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A seu favor, no entanto, contava o fato de que o Etios sempre foi um carro agradável ao volante. O comportamento de direção (elétrica), suspensão e motor era superior ao da maioria dos oponentes com motor 1.0.
Dirigibilidade sempre foi o ponto positivo
O desempenho melhor, porém, impunha um custo. Como o menor motor era o 1.3, a montadora pagava IPI maior do que suas concorrentes, que dispunham de propulsor 1.0. Nesse caso, era uma vantagem para o comprador, mas não para a fabricante.
Aos poucos, a Toyota foi realizando pequenas alterações no projeto. Em 2013, a montadora lançou a versão aventureira Etios Cross, que se caracterizava pelo exagero visual. Mais uma vez, a empresa apostou na força do emblema Toyota para vender. De certa forma, normalmente isso quase sempre funcionava, mas o Etios era a prova de que toda regra tinha uma exceção.
Em 2016, o modelo recebeu painel digital, juntamente com uma sutil melhora no acabamento e uma reestilização exterior. Com isso, a resistência do comprador começou a diminuir. Já no ano seguinte, o Etios obteve seu recorde de vendas. Em 2017, foram emplacadas 73.381 unidades entre hatch e sedã. Porém, em 2018 o compacto perdeu o protagonismo para a linha Yaris, que veio para ser opção mais sofisticada, embora ambos compartilhem a plataforma.
Sem o apelo de preços, o Etios deve se despedir de forma discreta, aliás como sempre se comportou. Como produto, ele vive atualmente a sua melhor fase, embora o design tenha sido pouco alterado nesses oito anos de vendas. As várias mudanças feitas especialmente na cabine deixaram o compacto mais simpático. A última novidade veio neste ano: a nova central multimídia Toyota Play+, com tela sensível ao toque de 7 polegadas compatível com as interfaces Android Auto e Apple CarPlay.
O motor 1.5 flexível de quatro cilindros oferece bom desempenho e é econômico. Com comando variável nas válvulas de admissão e de escape, rende até 107 cv de potência e 14,7 mkgf de torque.
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