domingo, 29 de setembro de 2019

Nada a ver: 7 carros que fogem da proposta de seus fabricantes

Já pensou se uma marca de automóveis de luxo decidisse desenvolver um minicarro? Ou se outra, do segmento de populares, criasse um sedã para concorrer com modelos premium? Ou ainda se uma empresa especializada em superesportivos lançasse um jipe? Pois tudo isso já aconteceu! O AutoPapo enumerou nada menos que 7 carros cuja proposta não têm qualquer relação com o mercado de atuação de seus fabricantes.

O listão traz veículos de diferentes épocas e marcas. Em comum, há a estranheza de todos eles frente ao restante da gama de seus fabricantes. Alguns modelos foram retumbantes fracassos comerciais; outros não tiveram foco em números de vendas, mas sim em outras questões. Confira:

1. Vokswagen Phaeton

vw phaeton

O Phaeton nasceu por iniciativa do ex-presidente da Volkswagen Ferdinand Piëch, que queria agregar valor à marca. Enorme, com mais de 5 metros de comprimento, o sedã foi desenvolvido para competir com Mercedes Classe S e BMW Série 7. Em outras palavras, destinava-se a rivalizar com os modelos top de linha das marcas premium alemãs.

Com o produto, não havia nada de errado. Afinal, o Phaeton era luxuoso, confortável, veloz e tecnológico. Porém, havia a questão do status: apesar dos atributos técnicos, o sedã não convenceu os donos de BMW e Mercedes a trocá-los por um Volkswagen. Apesar de ter sido fabricado por um longo período, que vai de 2002 a 2015, o modelo acumulou baixas vendas.

No fim das contas, o Phaeton acabou se tornando uma mancha no currículo de Piëch. Ainda assim, o executivo entrou para a história por ter conseguido proporcionar um longo período de crescimento para a multinacional alemã.

2. Audi A2

audi a2

Enquanto a Volkswagen quis fabricar um enorme sedã, sua subsidiária de luxo, a Audi enveredou no segmento de monovolumes com o A2. Esse tipo de carroceria, que na época estava em alta, exibia um design futurista. Criado a partir do conceito Al2, o modelo foi lançado em 1999.

Porém, o A2 acabou sendo uma fonte de prejuízos para a Audi. Primeiramente, porque sua construção era cara e sofisticada, com direito a vários componentes da carroceria confeccionados em alumínio. Em segundo lugar, porque o modelo foi um fracasso comercial: menos de 200 mil unidades foram fabricadas até 2005, quando ele foi descontinuado.

Para efeito de comparação, a primeira geração do Mercedes-Benz Classe A, que tinha proposta parecida, vendeu cerca de cinco vezes mais carros. O A2 saiu de linha em 2005 sem deixar sucessor. Desde então, a Audi nunca mais adotou esse nome em seus produtos.

3. Mercedes-Benz Classe X

mercedes benz classe x picape

A Mercedes-Benz nunca havia desenvolvido uma picape de âmbito global. Recentemente, decidiu entrar nesse inexplorado segmento com a Classe X, apostando no aumento de demanda por caminhonetes em diferentes partes do mundo. Mas o modelo não vem obtendo os resultados esperados.

Não que faltem credenciais ao projeto, que inclui interior luxuoso e opção de um potente motor V6 turbodiesel. Mas ele parece ser inadequado aos mercados que mais consomem picapes no planeta: nos países do sudeste asiático, a Mercedes-Benz tem pouca penetração, ao passo que, na América do Norte, a Classe X é considerada de pequeno porte.

Vale lembrar que a Mercedes-Benz planejava produzir a Classe X na Argentina, na mesma planta onde é fabricada a Nissan Frontier, mas desistiu. Desse modo, as chances de a picape ser vendida no Brasil são mínimas: caso ela venha, será em pequena quantidade, importada da Europa. Entretanto, inclusive no velho continente, onde foi lançada em 2017, futuro da caminhonete é incerto.

4. Cadillac Cimarron

cadillac cimarron

Muitos consideram que o Cimarron foi o maior erro comercial da história da Cadillac. Para entender a história do modelo, é preciso relembrar o contexto dos anos 80, quando ele foi lançado. Naquela época, o mundo sentia os efeitos das duas crises do petróleo. Para a Cadillac, que fabricava carros grandes e beberrões, a situação era particularmente mais delicada.

A marca perdia mercado para os fabricantes japoneses, que conquistavam os consumidores estadunidenses com modelos econômicos e bem-construídos. A resposta foi o Cimarron, um sedã compacto para os padrões locais, lançado em 1981. O projeto baseava-se na plataforma J, que deu origem a diversos carros ao redor do mundo, inclusive ao Monza aqui no Brasil.

Ocorre que, nos Estados Unidos, a GM já tinha outros produtos baseados na arquitetura J, inclusive o Cavalier, modelo de entrada da Chevrolet. O projeto era ótimo para os demais segmentos, mas não para dar origem a carros que atendessem à proposta de luxo da Cadillac. O consumidor local concluiu (com razão) que não havia motivo para pagar mais em um modelo que, grosso modo, era só um Cavalier requintado. Com vendas pífias, o Cimarron durou até 1988.

5. Lamborghini LM002

lamborghini lm002

Parece loucura a Lamborghini decidir fabricar um jipe, mas isso já aconteceu! A razão é inusitada: a marca queria disputar um contrato de fornecimento de veículos militares para os Estados Unidos, no fim dos anos 70. O escolhido acabou sendo o concorrente Humvee, mas os italianos tocaram o projeto, de olho nas forças armadas de outros países.

Assim, em 1986, a empresa finalmente lançava o modelo de produção, batizado de LM002. Tinha tração integral e um motor V12 originário do superesportivo Countach. Como o projeto acabou não despertando interesse de forças governamentais, a Lamborghini direcionou o foco para celebridades e milionários. Tanto que o interior era típico de carro de luxo, com direito a abundância de revestimentos em couro.

Pouco mais de 300 unidades do LM002 foram produzidas até 1993, quando a marca italiana o descontinuou. Nesse período, o modelo acabou ganhando o apelido de Rambo Lambo, que quer dizer “Lamborghini do Rambo”. Nada mais justo, afinal, o jipão faz parecer o atual modelo Urus um mero SUV gourmetizado para ir ao shopping.

6. BMW Isetta

bmw isetta

Um minicarro da BMW? Sim! Porém, é preciso destacar que as circunstâncias da época em que ele existiu eram muito singulares. O projeto data dos anos 50, quando a marca alemã tinha participação pequena no mercado de automóveis. Sua especialidade eram as motocicletas, que até hoje têm papel importante no portfólio da empresa.

A década de 50 foi difícil para os países europeus, seriamente abalados pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial. Na Alemanha, grande perdedora do conflito, a situação era ainda mais complicada. Para conseguir vender carros em um mercado empobrecido, a BMW adquiriu um projeto de proposta barata e econômica da italiana Iso Autoveicoli.

O conceito era praticamente uma mistura de automóvel com moto: a carroceria tinha apenas uma porta, e os motores eram de baixíssima cilindrada. A BMW foi uma de várias empresas que produziram o projeto sob licença, em diferentes países. O Isetta foi feito inclusive no Brasil, pelas indústrias Romi, em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Por aqui, a fabricação foi de 1956 a 1961. Na Alemanha, o modelo durou de 1956 a 1962.

7. Aston Martin Cygnet

aston martin cygnet

Outro fabricante de esportivos e de modelos de luxo que já investiu em um minicarro é a Aston Martin. A empresa britânica, famosa pelos superesportivos, entrou nesse novo segmento em 2009 com o Cygnet. O modelo, que tinha cerca de 3 metros de comprimento, era fruto de um acordo com a Toyota, que cedeu o projeto do subcompato iQ.

Os dois modelos eram diferentes apenas na dianteira, onde o Cygnet exibia estilo próprio, com a grade dianteira típica da Aston Martin. É no mínimo inusitado ver esse elemento de estilo em um subcompacto econômico, e não em um cupê ou em um conversível. Para não dizer que o carrinho era um completo estranho no ninho, ao menos a marca britânica deu a ele uma insana versão esportiva com motor V8.

O Cygnet teve poucos carros vendidos, mas, curiosamente, sua proposta nunca foi ter grande aceitação comercial. Com ele, a Aston Martin queria apenas cumprir as metas de emissões de poluentes imposta aos fabricantes europeus. Com uma gama composta unicamente por veículos potentes e nada econômicos, era impossível atender às exigências governamentais. O subcompato, fabricado até 2013, foi uma cartada da marca para melhorar seus índices ambientais.

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