O Onix é a galinha dos ovos de ouro da Chevrolet. Lançado em 2012, o modelo tornou-se o carro mais vendido no Brasil já em 2015, quando ainda estava na primeira geração, levando consigo a própria fabricante à liderança do mercado. Desde então, criador e criatura seguem na ponta. A segunda safra do Onix chegou no fim do ano passado com a linha 2020 e mostra ter potencial para manter o posto.
O AutoPapo avaliou a versão top de linha Premier do Onix 2020, com carroceria hatch. Quer saber qual é o ponto alto dele? Em uma só palavra: equipamentos. Essa configuração pode vir com ar-condicionado digital, assistente de estacionamento, bancos revestidos em material que imita couro e alertas de ponto cego. É verdade que tudo isso é opcional, mas, ainda assim, trata-se de um pacote que, até recentemente, era digno de hatch médio.
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Além do mais, todas a versões vêm de série com vários itens destinados à segurança. Há seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), assistente de partida em rampa e controles de estabilidade e tração. Para finalizar, o top de linha traz chave presencial com partida por botão, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis com acendimento automático, câmera de ré e até carregador de celular por indução.
Em conectividade, o Onix 2020 também está acima da média. A tradicional central multimídia MyLink 2 tem tela sensível ao toque de 7 polegadas, integra-se a smartphones por meio de Android Auto e Apple CarPlay, tem função audio streaming, bluetooth para até 2 celulares simultaneamente e três entradas USB. Há ainda o sistema OnStar e Wi-Fi nativo da Claro com 3 GB ou três meses de cortesia. Nada mau!
Interior do Onix 2020
Até aqui, o Onix 2020 mandou muito bem, certo? Claro, mas em outros aspectos ele já não se destaca tanto. O acabamento, por exemplo, é no máximo razoável, mesmo em relação a outros modelos da categoria. Ele faz boa figura em comparação a um Renault Sandero ou a um Ford Ka. Porém, se o fiel da balança for um Hyundai HB20 ou um Fiat Argo, o Chevrolet fica inferiorizado.
Nem é o caso de reclamar que os plásticos são duros, pois isso é padrão no segmento. É que eles não transmitem qualidade: os das portas, em especial, são ásperos e riscam com facilidade. É verdade que essa sensação é um pouco atenuada pelas porções estofadas nas forrações dianteiras. Porém, nas portas traseiras, não há esse recurso. Tal economia fica ainda mais destoante devido à ausência da combinação bicolor, como a dos demais painéis.
Veja as fotos do novo Onix 2020:
Mas onde o estofamento faz mais falta é no descansa-braço central, entre os bancos dianteiros. Sim, ele também é rígido, de modo que dificilmente alguém apoiará o cotovelo ali por muito tempo. Ademais, ainda é possível encontrar uma ou outra falha na montagem. Apesar de o padrão ser superior ao da antiga geração, peças plásticas desalinhadas não deveriam mais ser vistas.
Ergonomia e espaço
Quando o assunto é ergonomia, as coisas melhoram. O Onix 2020 tem um posto de comando cômodo, com volante de boa pegada e coluna de direção ajustável tanto em altura quanto em profundidade. Os comandos são acessíveis e os novos instrumentos analógicos proporcionam boa leitura, embora o modelo siga sem termômetro do fluido de arrefecimento.
Mas o que merece correção, mesmo, são os bancos. Tanto os dianteiros quanto o traseiro têm assentos muito curtos, incapazes de proporcionar apoio para as pernas até de pessoas com média estatura. Além do mais, na frente os encostos de cabeça são fixos e podem não oferecer proteção adequada aos mais altos. A elogiar, apenas o apoio lombar, que está na medida certa.
Um quesito, porém, tira o habitáculo do Onix 2020 da mediocridade: o espaço. Mesmo no banco traseiro, os vãos para as pernas são generosos para um hatch compacto. Por sua vez, o teto alto deixa boa área para a cabeça, enquanto a largura do assento é suficiente para que três adultos não se sintam espremidos ao se acomodarem. As portas têm bom ângulo de abertura, o que ajuda a entrar e sair do veículo.
Já para a bagagem da turma, o espaço é mais comedido. Com 275 litros de capacidade, o porta-malas está na média. Pelo menos o encosto traseiro é bipartido, o que aumenta as possibilidades de rebatimento. Ali, o vão de acesso também é adequado.
Como anda o novo Onix?
Quanto à dirigibilidade, o Onix 2020 também alterna prós e contras. Um bom exemplo é a suspensão, que tem acerto bem firme. Isso traz uma vantagem: o hatch inclina pouco em curvas e proporciona muita segurança em trajetos sinuosos. Chega a ser surpreendente encontrar tanta estabilidade em um modelo sem proposta esportiva.
O lado ruim é que ele copia grande parte das imperfeições do solo, prejudicando o conforto de marcha. Na versão Premier, que é equipada com rodas de 16 polegadas, essa característica é ainda mais evidente. A direção, que tem assistência elétrica, vai pelo mesmo caminho: agrada pela progressividade e pela relação direta com as rodas, mas também transmite de modo um tanto exagerado emendas e desníveis do piso.
É verdade que o acerto dos carros pode priorizar mais a dinâmica que o conforto e, desse modo, o Onix 2020 teria tudo para conquistar os motoristas que gostam de alguma esportividade ao dirigir. O problema é que, se era para deixar o comportamento afiado, a Chevrolet deveria ter caprichado mais no câmbio.
Afinal, a caixa automática de seis marchas que equipa o modelo tem pouquíssimos recursos: não há programa sport nem aletas para trocas de marchas no volante. O único meio de operar sequencialmente a transmissão é por meio de incômodos botõezinhos na alavanca.
Bom desempenho com consumo razoável
Pena, porque o novo Onix não faz feio quando o assunto é desempenho. Apesar de estar entre os 1.0 turbo menos potentes do mercado brasileiro, com 116 cv, devido à ausência da injeção direta, o motor empurra muito bem o modelo.
Na estrada, ultrapassagens, subidas de serra e quaisquer outras situações que exijam maior performance não são problema para o hatch. Mesmo em alta rotação, o funcionamento não provoca vibrações em excesso como em algumas outras unidades de três cilindros.
Na cidade, o motorista pode sentir alguma letargia em saídas e retomadas. Isso porque o torque máximo, que é de de 16,3 kgfm com gasolina e de 16,8 kgfm com etanol, só aparece a 2.000 rpm, valor alto para um motor turbo atual. Abaixo disso, há pouca força disponível.
Felizmente, nesse aspecto câmbio automático merece elogios, pois sua programação mantém a rotação do motor acima da faixa crítica sempre que possível, mascarando tal característica indesejável. Já os freios mostram-se bem-dimensionados e imobilizam o veículo a contento.
Se em desempenho a falta da injeção direta resulta apenas em algumas ressalvas, em consumo ela é mais evidente. Com gasolina, o veículo testado pelo AutoPapo cravou médias de 10,2 km na cidade e de 14 km/l na estrada. Longe de ser beberrão, o hatch está abaixo do que se espera de um veículo de seu porte e cilindrada. Ademais, como o tanque tem apenas 44 litros, a autonomia é limitada a 616 km, levando em conta as aferições da reportagem.
Mesmo se o parâmetro utilizado for o resultado divulgado pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro, os números não chegam a merecer aplausos: 11,9 km/l no ciclo urbano e 15,1 km/l no rodoviário. Com etanol, segundo o PBE, são 8,3 km/l e 10,7 km/l nos dois tipos de utilização, respectivamente.
Preço do novo Onix 2020 é alto, mas competitivo
Entre defeitos e as qualidades, qual é o veredicto? Anote aí: ele está entre as melhores opções de compra entre os hatches compactos. Ocorre que, apesar de ter pontos fracos relevantes, o modelo dá bom valor ao dinheiro do aspirante a proprietário.
O preço do Onix Premier 2020, que começa em R$ 72.590 e chega a R$ 77.240 com todos os opcionais, está longe de ser barato, mas equipara-se aos das versões top de linha dos concorrentes e inclui um generoso pacote de equipamentos de série.
Alguns diferenciais, porém, conseguem destacar mais o hatch. Ele traz pacote de equipamentos generoso, tem cinco estrelas no crash-test do Latin NCAP e goza da enorme rede assistencial do fabricante. Além disso, o fato de ser líder de vendas significa liquidez na revenda e facilidade de manutenção.
Desse modo, os ovos de ouro da galinha da Chevrolet podem reluzir um pouco também para o consumidor. Como produto, o Onix 2020 está apenas na média. Mas, como negócio, ele tem atributos difíceis de superar.
Manutenção e revisões
O novo Onix, em qualquer versão e independentemente do tipo de carroceria, tem garantia de tês anos ou 100 mil quilômetros . As revisões ocorrem a cada 10 mil quilômetros ou um ano e têm preços tabelados até a quilometragem limite da cobertura de fábrica.
No caso do hatch equipado com motor turbo, a primeira custa R$ 280, a segunda sobe para R$ 564, a terceira cai para R$ 468, a quarta vai para R$ 624 e a quinta chega a R$ 448. As manutenções seguintes têm valores sugeridos de, respectivamente, R$ 564, R$ 428, R$ 604, R$ 552 e R$ 780.
Pontos fortes do Onix hatch 2020
- Segurança
- Conectividade a bordo
- Equipamentos de série
Pontos fracos do Onix hatch 2020
- Acabamento
- Câmbio pouco interativo
Ficha técnica do Onix 2020
Ficha técnica | Chevrolet Onix hatch Premier 2020 |
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Motor | Dianteiro, transversal, flex, 999 cm³, com três cilindros, de 74 mm de diâmetro e 77,5 mm de curso, 12 válvulas com duplo comando variável e turbocompressor |
Potência | 116 cv (gasolina e etanol) a 6.000 rpm |
Torque | 16,3 kgfm (gasolina) e 16,8 kgfm (etanol) a 2.000 rpm |
Transmissão | automática de seis marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Rodas e pneus | Rodas de liga leve 6,5” x 16”; pneus 195/55 R16” |
Freios | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD |
Direção | assistida eletricamente, diâmetro de giro de 10,6 m |
Dimensões | 4,163 m de comprimento, 1,730 m de largura, 2,551 m de distância entre-eixos, 1,476 m de altura |
Vão livre do solo | 128 mm |
Peso | 1.113 kg |
Carga útil | 375 kg |
Tanque de combustível | 44 litros |
Porta-malas | 275 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
O post [Avaliação] Entre acertos e deslizes, Onix hatch 2020 revela fórmula do sucesso apareceu primeiro em AutoPapo.
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