Não se sabe exatamente o motivo de os 40 mil km ser a quilometragem preferida para enganar consumidores
Cachorrinho
Tudo começou muitos anos atrás, no final de década de 80, quando a Cofap botou no ar uma campanha afirmando que amortecedores deveriam ser trocados aos 40 mil km.
A campanha de televisão criada por Washington Olivetto ficou famosa, pois o ator principal era um cachorrinho do tipo “bassê” que escorregava pelos corredores por falta de estabilidade.
A ideia da Cofap era aumentar o faturamento de seus amortecedores inventando um limite de vida que jamais existiu. Na verdade, podem durar só 10 mil ou ultrapassar 100 mil km em função da estrada, do peso carregado pelo veículo, eventuais buracos ou lombadas pelo caminho e outras variáveis.
A rigor, devem ser testados cada 10 mil km para se verificar suas condições. Mas muitos motoristas se deixaram iludir pela propaganda enganosa, por desconhecer o assunto. Pensam, quando muito, ser o amortecedor importante para a estabilidade do carro, mas nem imaginam serem também decisivos no espaço de frenagem, pois responsáveis por manter as rodas em contato com o asfalto.
A campanha ficou muito conhecida na época e talvez tenha incrementado a venda de amortecedores, mas certamente a de cachorrinhos “bassê” (Dachshund), também apelidados de “salsicha” ou “cofap”.
A Cofap foi vendida anos depois para a Marelli (então subsidiária da Fiat) que decidiu investir novamente no cachorrinho, sem voltar, entretanto, à empurroterapia dos 40 mil km. Outras marcas aderiram à ideia e insinuam até hoje a troca de amortecedores nesta quilometragem.
A Monroe adaptou seu site norte-americano para a internet brasileira, traduzindo textos e copiando ilustrações. Mas, teve a cara de pau, no item amortecedor, em vez de “verificar cada 50 mil milhas (80 mil km)” no inglês, sapecar um “substituir aos 40 mil km” na versão em português.
Tem cabimento menosprezar desse jeito o mercado brasileiro?
“Marmita”
Desde que as exigências de nível máximo de emissões se tornaram mais rigorosas em todo o mundo, até os carros brasileiros passaram a ter catalisadores (apelidados de “marmitas”) no escapamento.
A redução da nocividade dos gases provenientes da combustão (CO, CO2, NOx, HC) é reduzida no catalisador que é constituído por uma espécie de colmeia de cerâmica revestida por vários metais nobres como o paládio, ródio e platina. Estes componentes químicos aceleram a oxidação dos gases, reduzindo (quase eliminando) sua nocividade.
Devido à presença destes metais nobres, o custo de produção do catalisador é muito elevado e não dura eternamente. Pode ter sua eficiência reduzida por desgaste natural destes metais ou por acidente como, por exemplo, combustível líquido atingi-lo por algum problema do motor.
Há um consenso de que sua quilometragem mínima seja de cerca de 80 mil km.
Como sua fabricação é cara, os fabricantes decidiram reduzir o volume de metais nobres nos catalisadores oferecidos no mercado de reposição e passaram a garanti-los por apenas 40 mil km.
“Sopa no mel” para algumas oficinas que passaram então a condenar qualquer catalisador de um carro com quilometragem superior a 40 mil km. Fosse ele original (com durabilidade superior a 80 mil km) ou não.
“Prince of darkness“
“Príncipe da escuridão” em inglês. Este foi o apelido que a fábrica inglesa Lucas de equipamentos elétricos ganhou no passado pelos problemas constantes que apresentavam. Ela aprimorou sua qualidade, que se iguala hoje às melhores do mundo, mas o apelido ficou…
A Lucas esteve no mercado brasileiro, mas sumiu por muitos anos, tendo voltado recentemente pela empresa brasileira BRLight, que já representa outras marcas famosas de equipamentos automotivos elétricos.
E voltaram seus cabos de velas, produzidos com sofisticada tecnologia e rigoroso controle de qualidade.
É por isso que não se entende porque a BRLight decidiu divulgar que o produto tem vida útil limitada, uma “empurroterapia” tão refinada quanto seus cabos. E qual a quilometragem recomendada para substituição? Pasmem: 40 mil km!
O post Seu carro passou dos 40 mil km? Cuide-se com a empurroterapia! apareceu primeiro em AutoPapo.
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