A venda de bateria para carros teve um salto de 47% em junho e 34% em julho de 2020 ante o mesmo período de 2019. Os números, registrados pela Bosch, são resultado de uma conjunção de fatores. Um deles é o pouco uso dos automóveis, por causa do isolamento social e do trabalho remoto. As temperaturas baixas, típicas da estação, exigem maior esforço para dar partida no motor. Houve ainda uma campanha de vendas feita pela fabricante. Como no inverno costuma haver aumento na demanda por baterias (que “sofrem” nas manhãs frias), o fato novo é a redução de utilização dos veículos.
O aumento nas panes em baterias foi confirmado pela Allianz Partners. A empresa de prestação de serviços do Grupo Allianz separou os casos de falhas decorrentes da menor utilização dos veículos dos problemas relacionados ao inverno. Os do primeiro grupo tiveram “picos de 15 a 20%” nas solicitações de atendimento em abril e maio. Esse período abrange a decretação da pandemia e da quarentena, mas ainda com temperaturas altas.
Gerente da rede de prestadores de serviço da empresa, André Amado confirma que a alta está atrelada ao baixo uso dos carros. O problema é agravado quando a bateria está no fim de sua vida útil. A Allianz registrou também aumento de 4,5% na demanda pelo serviço em junho e julho ante os mesmos meses de 2019. A responsável é a baixa temperatura, segundo a empresa. E possivelmente agravada pelo fato de boa parte da população permanecer reclusa, com menor utilização do carro.
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A advogada Paola Luísa Ferreira faz parte dessa estatística. Trabalhando em casa desde o início da pandemia, ela mal usa o veículo. Segundo Paola, seu Renault Sandero tem ficado “no mínimo” uma semana parado na garagem do prédio onde mora, na Vila Santa Catarina, zona sul de São Paulo. No início do mês, ela foi ligar o carro pela manhã e o motor não pegou. O hatch só funcionou após ser conectado a um cabo auxiliar de bateria. Depois disso, o modelo não apresentou problemas.
Vida útil da bateria
Instrutor técnico da Bosch, Ismael Ramos diz que, no caso de carros que estejam sendo pouco utilizados, o ideal é ligar o motor a cada dois dias. Ele aconselha que se mantenha a aceleração um pouco acima da marcha lenta, para facilitar o recarregamento da bateria. Segundo o especialista, é recomendável manter o veículo funcionando até que a ventoinha do radiador ligue e desligue. Isso faz com que tanto o óleo lubrificante quanto a água do sistema de arrefecimento cheguem à temperatura ideal. Além disso, esperar que o ventilador pare antes de desligar o carro evita desperdiçar energia da bateria.
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Baterias costumam dar problema no inverno porque nessa época do ano o óleo do motor fica mais espesso. Isso é reflexo direto das baixas temperaturas. Como consequência, o motor requer mais energia, especialmente para a primeira partida matinal. Mas, de acordo com Ramos, a pior estação do ano para a bateria é o verão. “Ela não ‘gosta’ de calor”, diz. Como tende a perder performance durante os meses mais quentes, pode chegar ao inverno enfraquecida e não aguentar. Por isso, é recomendável tomar algumas precauções. A principal é certificar-se de que o tanque de partida auxiliar (se houver) esteja abastecido com gasolina. Com os cuidados necessários, Ramos diz que uma boa bateria “dura três anos brincando”.
Cuidado no cine drive-in
Os cinemas drive-in têm despontado como uma opção de lazer segura em tempos de pandemia. Mas para que a segurança se estenda também à bateria é importante ter alguns cuidados. Como o áudio do filme é reproduzido pelo sistema de som do carro, há um pequeno consumo de energia. Por isso, procure manter o som em volume razoável, e mantenha lanternas e luzes internas desligadas.
Carros modernos são dotados de um sistema que desliga o sistema elétrico automaticamente após um determinado tempo, exatamente para preservar a carga no caso de esquecimento. Nesse caso, basta ligar novamente a ignição. Se a parte elétrica do veículo estiver em ordem e a bateria não estiver no fim da vida, ela não irá estragar o programa, garante Ramos.
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