sábado, 22 de fevereiro de 2020

Brasileiro acha que só os outros sofrem acidentes. E paga com a vida

Foi em 2013 que surgiram as primeiras suspeitas de um grave problema com os airbags produzidos pela Takata que, ao serem disparados no caso de uma batida, um excesso de pressão do gás danifica o insuflador e voam estilhaços de aço a 300 km/h contra motorista e passageiros.

Maior fabricante mundial do dispositivo, a Takata não suportou os mais de 100 milhões de recalls convocados por quinze marcas no mundo inteiro.e faliu.

No Brasil, rodam mais cerca de três milhões de carros importados e nacionais (a Takata tinha fábrica aqui) com os “airbags mortais”, assim chamados pois matam ao invés de proteger os ocupantes no caso de acidente.

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Como as estatísticas indicam que menos da metade dos carros chamados para recall são levados ao concessionário para o reparo gratuito, estima-se em mais de um milhão o número de automóveis que ainda circulam com esta arma pronta a disparar.

Primeira morte no Brasil

A primeira vítima fatal no Brasil provocada pelo airbag da Takata foi no último dia 27 de janeiro, no Rio de Janeiro, num Honda Civic 2008. Onze outros carros tiveram seus airbags disparados provocando vítimas, nenhuma outra fatal.

Além de diversos modelos da Honda, outras marcas também equiparam seus carros com o mesmo airbag problemático que já provocou 22 mortes em outros países, além de ter ferido centenas de motoristas e passageiros.

O Civic 2008 estava incluído na lista de carros envolvidos no recall divulgado pela Honda em 2015. E todas as demais 14 marcas de importados e nacionais foram chamadas para a troca gratuita das bolsas infláveis.

A Takata era a principal fornecedora deste dispositivo para fábricas nos EUA, Europa, Ásia e América do Sul. Vários recalls foram efetuados no Brasil, mas nem a gravidade do problema sensibilizou a maioria dos donos dos automóveis convocados para a troca gratuita dos airbags a leva-los às concessionárias.

Lobby

A fábrica da Takata no Brasil exerceu um forte lobby, há cerca de 10 anos, para tornar obrigatório o equipamento. E conseguiu aprovar a legislação em 2009, tornando o airbag obrigatório em janeiro de 2014.

O que provoca o problema é o nitrato de amônia, gás utilizado para insuflar a bolsa . Quando acontece um impacto frontal, ele pode exercer uma pressão exagerada no deflagrador, o tubo de aço que o abriga pode se trincar e se estilhaçar, disparando então pedaços de aço a velocidades de cerca de 300 km/h contra motorista e passageiros.

Os ferimentos provocados são geralmente profundos e exigem pequenas cirurgias para restaurar o atingido.

Airbag requer que motorista adote “regrinha” para aumentar segurança:

“Ruptura anormal”

No caso do Civic 2008, a perícia concluiu que “houve a ruptura anormal do insuflador do airbag Takata, causando ferimentos que levaram à morte do motorista”.

Duas fábricas no Brasil, Honda e Toyota, estão agindo muito além do que exige a lei na tentativa de elevar o índice de carros levados às concessionárias.

Chegam até a acionar os Detrans para obter nomes e endereços de proprietários atuais de seus modelos mais antigos, além de forte comunicação até através de outdoors.

honda civic 2008: airbag da takata mata um

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