No início do ano, a BMW anunciou que não iria participar do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo 2020. Na época, a decisão, que incluía também a Mini, parecia um caso isolado. Mas, a partir daí, várias marcas, uma após a outra, foram anunciando que também estavam desistindo da exposição coletiva.
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Além da dupla BMW e Mini (a marca inglesa pertence ao grupo alemão), Toyota, Lexus, Chevrolet, Hyundai, Mitsubishi e Suzuki já divulgaram que não terão estandes no São Paulo Expo, na zona sul da capital. Elas se juntam a outras montadoras que já haviam faltado na edição de 2018, caso de Peugeot, Citroën, Jaguar, Land Rover e Volvo.
As decisões causaram esvaziamento do salão, embora diversas marcas tenham confirmado presença. Pelo menos até agora, fabricantes como Volkswagen, FCA (Fiat, Chrysler, Jeep e RAM), Renault, Ford, Troller e Nissan estão confirmadas. Outras ainda estudam a presença, caso de Honda, Mercedes-Benz e Porsche. O evento está marcado para ocorrer de 12 a 22 de novembro.
Para tentar contornar as ausências, a Reed Exhibitions Alcântara Machado, organizadora do evento, anunciou que o salão deste ano “será o mais tecnológico de todos os tempos”. A empresa informou que a intenção da mostra é “ampliar o destaque para novas tecnologias e o futuro da multimobilidade”. Ela cita como exemplo a CES (Consumer Electronics Show), uma feira de tecnologia realizada anualmente em Las Vegas, EUA, e que tem atraído muitas fabricantes de automóveis.
Salão terá código no ingresso e nas atrações
De acordo com a Reed, uma das providências será a utilização de um QR Code. Por meio dele, o visitante poderá capturar em seu smartphone todas as informações de cada atração. Da mesma forma, como cada ingresso terá um QR Code, o expositor saberá automaticamente caso o visitante manifeste interesse em algum veículo ou produto.
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Na área externa, realizada para test-drives desde a edição de 2016, a novidade será uma pista dedicada a demonstração de carros autônomos.
Marcas não querem dividir atenção com os concorrentes
Uma das razões do esvaziamento do salão é que, cada vez mais, as marcas não querem estar no mesmo espaço de concorrentes. Fazendo eventos exclusivos, as fabricantes conseguem monopolizar as atenções do público. A Volvo, por exemplo, em vez de participar do salão de 2018, preferiu lançar seu menor SUV, o XC40, durante uma competição de barcos patrocinada pela marca, a Volvo Ocean Race, que naquele ano teve uma das etapas em Itajaí, Santa Catarina.
Basicamente, todas as montadoras adotaram o mesmo discurso para justificar a ausência. O vice-presidente comercial da Hyundai, Angel Martinez, afirmou que “a estratégia global da Hyundai vem valorizando eventos com formatos diferenciados e foco maior no ser humano, proporcionando um engajamento mais exclusivo com seus clientes e públicos interessados. Avaliamos bastante a situação aqui no Brasil e decidimos substituir a participação no Salão do Automóvel por outras atividades mais exclusivas ao longo do ano”.
Em seu comunicado, a BMW informou que “está explorando novas plataformas e formatos alternativos”. Já o presidente da Toyota, Rafael Chang, afirmou que “vai focar no momento em experiências de mobilidade”.
Custo de estande pode chegar a R$ 15 milhões
Justificativas como “foco maior no ser humano”, “formatos alternativos” e “experiências de mobilidade” escondem uma outra razão: preço. De acordo uma fonte, entre aluguel do espaço, montagem, decoração e gastos com pessoal e alimentação, por exemplo, a conta para um estande médio pode alcançar cerca de R$ 4 milhões para os dez dias de exposição. Estandes maiores, com mezanino e área VIP, podem custar em torno de R$ 15 milhões.
A mesma fonte diz que os salões eram importantes quando as marcas esperavam para lançar automóveis no evento. Atualmente, não é mais possível esperar tanto, e as fabricantes vão realizando lançamentos ao longo do ano. Por essa razão, muitas montadoras não têm uma grande novidade para apresentar no evento.
Mesmo assim, o salão ainda é um passeio tradicional. Na edição de 2018, a organização informou que mais de 700 mil pessoas visitaram o evento. A Reed Exhibitions garante que o salão de São Paulo é o terceiro maior do mundo em número de visitantes, atrás apenas das amostras de Frankfurt (Alemanha) e Paris (França).
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